Mariana ainda se lembrava daquele dia. O dia em que o vira pela primeira vez. Já se passaram anos desde aquele dia, porém, ela ainda se lembrava da curiosidade que encheu a sua cabecinha de apenas cinco anos de idade. Ele era pesado e tinha um cheiro gostoso. Várias páginas preenchiam o objeto. Podia distinguir as letras do alfabeto que as professoras ensinavam na escolinha. Colocou o objeto na boca - se o cheiro era tão bom, então seria o mesmo com o gosto? Não gostou.

eca. Pensou.

Neste momento sua mãe chegara e tirara o objeto de suas mãos.

Não é de comer. Dissera ela.

Mariana começou a brincar com seus brinquedos, mas ela olhava com o canto do olho para sua mãe. Já fazia muito tempo que ela estava parada olhando o objeto. Mas de tempos em tempos ela ria e fazia expressões curiosas. Até que sua mãe deixa o estranho objeto de lado e começa a chorar.

Mamãe? - ela pergunta apreensiva - Tá triste?

Não, meu anjo - sua mãe enxuga as lágrimas. Ela olha para o objeto e alisa a capa. Dá um sorriso e olha ternamente para a filha. - Quer dar um passeio?

Mariana abre um grande sorriso mostrando a janela que a falta de um dente deixava ali. Ela gostava de passeio, e aquele passeio inesperado a deixara animada. Depois de passar algum tempo no carro sua mãe finalmente para e ela sai. O local estava repleto do objeto que fizera a sua mãe chorar pouco tempo atrás. Mariana não entendia. Segurando a mão de sua mãe as duas andavam entre montes e montes de - como ficou sabendo ali - livros. Estantes cheias que iam praticamente do chão até o teto. Sua mãe pegou um com a capa colorida e com dizeres dourados. Sentou em uma poltrona e colocou sua filha em seu colo.

Mariana abriu um sorriso. Diferentemente do outro aquele estava repleto de gravuras e letras bonitas. De repente escutou a voz de sua mãe:

Era uma vez um vilarejo distante onde morava uma menininha. Seu nome era Pennélope, seu sonho? Voar...

Anos se passaram depois daquela introdução aos livros. Mariana ainda ria com toda a desconfiança que tivera naquela época. Ela passou a mão pela sua estante de livros e recordou todas as histórias vividas, todas as emoções que tivera, todo o choro, riso e saudade. Relembrou todos eles enquanto procurava por apenas um. De repente lá estava ele. Um livro de magia, amor e felicidade. Ele era colorido e tinha dizeres dourados. Sentou no chão ao lado de sua filha. Ela tinha olhos curiosos e sonhadores. Abriu o livro e sua filha tocou nas gravuras. Depois de um tempo se escutou dizendo as mesmas palavras de sua mãe:

Era uma vez um vilarejo distante onde morava uma menininha. Seu nome era Pennélope, seu sonho? Voar...

Bom pessoal :D Esse foi o modo que eu encontrei para parabenizar todas as pessoas pelo dia do leitor! Quem aqui se lembra de suas primeiras leituras? Do modo como começamos a entrar nesse mundo magnífico que é a leitura? Quantas vidas já vivemos? Quantas situações de risco já vivenciamos? Quantos anos já ultrapassamos? Barreiras da vida e da morte? Sonhos, fantasias, risos, choros. Amores perfeitos, imperfeitos. Saudade.

São tantas sensações vividas nos livros que é impossível falar de todas elas. Portanto, para você que acredita na magia da leitura, parabéns, pois hoje é o seu dia.

Feliz dia do leitor!