Cedido para Resenha,
Resenhando: A Dama de Papel
A Dama de Papel foi um livro cedido pela Universo dos Livros, edição de pré-venda. O livro é de uma autora nacional. Achei a capa muito bonita e ela consegue transmitir quem poderia ser Molly - a principal.
Localizado na zona periférica de Londres em meados do século XIX, o bordel de Molly está sempre repleto de fregueses: ricos e pobres, magnatas e operários. O que nenhum deles sabe – nem mesmo as outras trabalhadoras do estabelecimento – é que a dona do prostíbulo optara por ser “mulher da vida fácil” após fugir de um casamento forçado, abrigando-se nas entranhas de um cortiço na busca indelével por liberdade.
Certa vez, no entanto, Molly é inebriada pelas propostas de um cliente: Charles O’Connor, o herdeiro de um império têxtil, deseja que ela seja somente sua. Molly, arrebatada pelas sensações provocadas pelo novo amante, se vê obrigada a questionar o modo de vida que conduzira com orgulho até então, além de testar os limites da liberdade obtida a duras penas.
Entregues à avassaladora paixão e à incrível química sexual que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias sociais e a moral conservadora da época para dar continuidade a este amor proibido. Mas terão de pagar um preço alto por suas decisões.
O livro se passa em Londres, século XIX, época Vitoriana. E conta sobre Molly a dona de um bordel que ficava na periferia da cidade. Ela havia fugido de casa quando era muito nova, por não querer se casar com um velho nada agradável. Ela só não tinha imaginado que para poder sobreviver ela teria que vender o seu corpo por alguns trocados. Ela havia deixado para trás uma vida de conforto, vestidos de babados, cabelos penteados com esmero e conhecera a dona de um bordel, que a ensinara tudo o que ela deveria saber para conquistar os clientes, e, depois de sua morte, Molly vira a dona daquele local de cheiro ocre, bebidas, anarquia.
Até que um dia um cliente diz ter ido até o bordel devido a boatos sobre Molly e diz que pagará muito se ela exceder as suas expectativas. Seu nome era Charles O'Connor e ele sai do bordel depois de deixar muito dinheiro, devido ao momento que tivera com Molly. O encontro dos dois termina por ficar nos pensamentos de Charles, e, mesmo se culpando, pois ele era casado com uma moça que fazia de tudo para agradá-lo e cuidar dos filhos, ele não consegue esquecer das sensações que Molly havia depositado em seu corpo. Algo que nunca tinha podido imaginar, já que a sua mulher era totalmente recatada até na cama. E com isto, ele termina escrevendo vários contos eróticos - que para mim pareciam poesias - sobre os seus encontros com Molly. Pela primeira vez na vida ele estava se sentindo tão louco por alguém e, mesmo Molly sendo uma prostituta, ele queria ficar com ela. A única coisa era: Molly estaria disposta para deixar a sua liberdade por conta de um homem?
O livro é hot e eu não sou muito de ler livros assim. Só percebi realmente que poderia ser depois que li uma passagem na orelha do livro. Vi uma pessoa comentando que achava que deveria ter mais cenas de sexo no livro, por ele ser hot e se tratar de uma prostituta. Aí é que fica a questão... O livro tem uma tremenda história por trás de tudo. Tem a parte histórica por se tratar de uma época em que as industrias estavam crescendo, época em que as mulheres trabalhavam em turnos terríveis para ganhar alguns trocados, época em que as crianças também trabalhavam em fábrica, por ganharem menos que os adultos. Época em que as mulheres não tinham voz para expor as suas vontades e pensamentos. Daí eu realmente fico pensando se a pessoa que fez esse comentário realmente leu o livro por conta da história ou se foi por conta das cenas de sexo.
Eu realmente achei que a autora tem uma escrita muito boa e também por conta dos vocabulários utilizados, me transportando para aquela época, isso contribuiu para que eu lesse o livro em apenas um dia. Os contos que Charles escreve é de uma paixão arrebatadora, suas palavras mostram o quão perdido ele estava nesta paixão imprópria. Achei muito legal a ideia da autora sobre isso. As cenas de sexo só são narradas depois de um certo tempo, antes nós só lemos os contos escritos por Charles, e, eu as achei bem narradas. Nada de exagero.
Molly havia trocado a sua vida muito boa para ter liberdade. Só que eu fiquei pensando, e esse foi um dos pontos abordados no livro: Ela havia realmente ganho a liberdade ou havia trocado por um outro tipo de prisão? Ela podia fazer o que realmente desejasse, usar a roupa que quisesse, se portar como quisesse, explorar a sua sexualidade, coisa que as mulheres daquela época não poderiam fazer por ir contra a visão que deveriam passar para seus maridos, porém ela, sendo uma prostituta, tinha que deixar homens asquerosos tomarem conta de seu corpo, homens parecidos com aquele que a fez fugir de casa. E isso para mim era um novo tipo de prisão. Uma ilusão de liberdade.
Fazia tempo que eu não tinha uma leitura tão conflitante, pois gostava da determinação dela, sua força e ideologias, só, que, ao mesmo tempo, eu queria entrar no livro e fazer com que ela entendesse que aquilo não era liberdade. E Charles eu ainda nãos sei muito bem se ele realmente a amava por ser mulher, ou, por achar que ele poderia ser dono dela. Muitas vezes ele a tratava como se ela fosse uma posse dele. O final foi algo que me fez ter raiva pela situação, mas é algo que pode acontecer na vida real. E eu fico pensando em todas as meninas, mulheres, que fogem de casa e terminam indo por este caminho. A dura realidade de suas vidas, que de fácil não tem nada.